Padilha diz que profissionais do SUS se esconderam em carreta durante megaoperação que deixou mais de 120 mortos no Rio

Segundo Padilha, a carreta estava desde a última sexta-feira (24) realizando atendimentos para mulheres, como exames de mamografia, ultrassom, biópsia para en...

Padilha diz que profissionais do SUS se esconderam em carreta durante megaoperação que deixou mais de 120 mortos no Rio
Padilha diz que profissionais do SUS se esconderam em carreta durante megaoperação que deixou mais de 120 mortos no Rio (Foto: Reprodução)

Segundo Padilha, a carreta estava desde a última sexta-feira (24) realizando atendimentos para mulheres, como exames de mamografia, ultrassom, biópsia para encontrar suspeitas de câncer. Marco Ankosqui O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira (30), em São Paulo, que profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) precisaram se esconder dentro de uma carreta de atendimento do programa federal Agora Tem Especialistas durante a megaoperação policial nos complexos do Alemão e Penha, no Rio de Janeiro, nesta semana. "Durante toda a quarta-feira pela manhã, os nossos profissionais das carretas ficaram protegidos dentro da carreta, tiveram que ficar dentro da carreta, interromper o atendimento", afirmou Padilha a jornalistas. A declaração foi dada durante o 29º Congresso Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), onde assinou novos atos de adesão ao Agora Tem Especialistas, programa criado pelo governo federal para reduzir filas de consultas, exames e cirurgias no SUS. Para o ministro, a operação tem um impacto sobre a saúde. Segundo ele, a carreta estava desde a última sexta-feira (24) realizando atendimentos para mulheres, como exames de mamografia, ultrassom e biópsia para encontrar suspeitas de câncer. Os trabalhos, no entanto, foram interrompidos. IML do Rio monta força-tarefa para identificar mortos na operação; quase 100 corpos já passaram por necropsia Segundo Padilha, o ministério espera a “normalidade seja retomada o mais rápido possível” para garantir segurança a pacientes e equipes que atuam no Rio. A expectativa é que os atendimentos sejam retomados ainda nesta quinta (30). "A nossa expectativa da área da saúde é que se retome a normalidade o mais rápido possível, para que as famílias, os pacientes, os profissionais tenham segurança de atuar em qualquer lugar, seja no Rio de Janeiro, seja em qualquer lugar do país", afirmou. "Para a área da saúde, o mais importante é a paz, é a normalidade, porque isso afeta muito os serviços de saúde. Os pacientes deixam de ir para os serviços de saúde, e os profissionais ficam com receio." LEIA TAMBÉM: Total de mortos após megaoperação no Rio supera o Massacre do Carandiru Carandiru, Jacarezinho, Operação Escudo: as ações policiais mais letais do país O que se sabe e o que falta esclarecer sobre a megaoperação nos complexos do Alemão e Penha, no Rio Mulher beija um dos corpos levados a praça no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, no dia 29 de outubro de 2025. Ricardo Moraes/Reuters Megaoperação no Rio Por que Doca é um dos criminosas mais procurados do Rio de Janeiro A operação nos complexos do Alemão e da Penha, realizada na terça-feira (28) já é considerada a mais letal da história do Brasil. O secretário da Polícia Civil, o delegado Felipe Curi, informou no início da tarde de quarta-feira (29) ter contabilizado 121 mortes nas duas localidades, ultrapassando as operações no Jacarezinho, em maio de 2021, com 28 óbitos, e a operação na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, com 24 mortes. Todas as operações aconteceram no governo de Cláudio Castro (PL). O número de mortes na operação desta terça-feira (28) é maior que o número somado das duas operações de 2021 e 2022, que contabilizaram 62 mortes ao todo. Balanço de operações na cidade do Rio: Complexo do Alemão e Complexo da Penha - 121 mortos Jacarezinho (maio de 2021) - 28 mortos; Vila Cruzeiro (maio de 2022) - 24 mortos; Complexo do Alemão (junho de 2007) - 19 mortos; Complexo do Alemão (junho de julho de 2022) - 17 mortos; Senador Camará (janeiro de 2003) - 15 mortos; Fallet/Fogueteiro (fevereiro de 2019) - 15 mortos; Complexo do Alemão (julho de 1994) - 14 mortos; Complexo do Alemão (maio de 1995) - 13 mortos; Morro do Vidigal (julho de 2006) - 13 mortos; Catumbi (abril de 2007) - 13 mortos; Complexo do Alemão (agosto de 2004) - 12 mortos. Fonte: GENI/UFF Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a denúncia que embasou a operação desta terça-feira (28) descreve uma estrutura de comando rigidamente organizada do Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão. O documento acusa 69 pessoas de associação para o tráfico de drogas e detalha o papel de cada integrante na hierarquia da facção. As provas reunidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) incluem trocas de mensagens em grupos de WhatsApp usados pelos chefes para emitir ordens, definir escalas de segurança e determinar punições a integrantes que desrespeitassem as regras internas. Secretário de Segurança Pública do RJ, Victor Santos afirmou que a megaoperação no Complexo do Alemão e na Penha não conseguiu prender Edgar Alves Andrade, conhecido como Doca da Penha ou Urso. Doca é uma das lideranças do Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro. "O Doca, nós não conseguimos pegar nesse primeiro momento porque é uma estratégia que eles fazem. Essa liderança, principalmente a liderança do Doca, o que eles fazem? Ele bota os soldados como mais uma barreira para poder facilitar a sua prisão, a gente tem toda essa dificuldade", afirmou Santos, em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews.